sábado, 20 de novembro de 2010

Mandy - Capítulo 21

Postado por Vanessa Teixeira às 06:10
    Mais tarde, a Valentina apareceu no meu quarto.
    -Meu Deus, você é...genial. Como você teve coragem de fugir de casa, pra Austin, com o seu namorado. Nossa, eu queria ter sua coragem.
    Oi? Valentina, é você mesmo? Até onde eu sabia, ela me odiava e não me suportava, e faria de tudo pra ficar longe de mim. Agora ela está...me admirando. Alguma coisa tinha.
     -É que eu gosto de um garoto da minha sala, e ele é super gatinho e tal. Mas sabe, eu sou baixinha, gordinha. Ninguém nunca olharia pra mim. Mas eu estava pensando se você não podia me ajudar, sabe, a conquistar ele.
     Eu fiquei de boca aberta...era aquilo mesmo? A Valentina estava me pedindo ajuda pra chamar atenção de um garoto? Sabe, eu nunca me dei muito bem com garotos. O Toni foi, tipo, uma benção pra mim, sabe? Não sei se eu saberia dar conselhos pra uma garota de 14 anos apaixonada. Quer dizer, se ela fosse minha amiga, tipo, de verdade, daquelas que quer ouvir a verdade nua e crua, eu diria que a primeira coisa que ela deveria fazer é entrar numa academia. Porque nessa idade, o que primeiro chama atenção de um garoto é como a pessoa é fisicamente, então seria o primeiro passo para chamar atenção dele. O Toni era gordinho e feioso, mas com o tempo, ficou o maior gato (eu que o diga). Talvez, quem sabe, a Valentina também não melhorasse com o tempo. Mas ainda assim eu não sabia o que falar para a Valentina.
    -Eu...realmente não sei o que falar.
    -Claro que sabe, você conquistou o meu irmão.
    -Eu não...conquistei o seu irmão. É uma longa história.
    -Eu quero saber então.
    Não sei porque, de verdade, mas eu contei. Acho que lá no fundo eu tinha uma pequena esperança de que um dia eu e a Valentina fossemos amigas. Não sei se ela tinha essa mesma esperança, mas parecia que ela estava realmente gostando da história. Os olhinhos verdes dela brilhavam enquanto eu contava. Quando eu terminei, ela ainda ficou um tempo de boca aberta olhando pra mim.
    -Então, você entendeu porque eu não sei como te ajudar?
    -Meu Deus!! Você é minha diva. Que história linda! Vocês dois são tão lindos juntos. Imagine só, se beijar sem querer no cinema.
    -Er...Tina, você entendeu?
    -Entendi, mas ainda assim acho que você pode me ajudar. O que eu faço pra chamar atenção dele heim?
    -Tina, eu não sei. Sei lá...seja você mesma. Comigo funcionou.
    -Eu sei, mas só eu ser eu mesma não vai adiantar. Vamos Amanda, fala, o que eu faço? Me diiz.
    Ok, aquela menina já estava começando a me irritar. Eu não sei como uma menina baixinha e gordinha, e na maioria das vezes, chata, iria conquistar um garoto popular por quem ela é apaixonada. E ela parecia não compreender isso.
    -Olha só, eu vou pensar e depois eu te digo ok?
    -Ok! Mas eu vou te cobrar viu?
    Ela soltou um gritinho agudo antes de sair do meu quarto e bater a porta com força. Dois minutos depois, o Toni bateu na minha porta.
    -O que a minha irmã queria com você?
    -Dicas de como conquistar o garoto de que ela ta a fim.
    -Minha irmã tá a fim de um garoto? Como assim, ela só tem 14 anos.
    -Toni, eu tenho 15 e já estou namorando com o meu meio-irmão.
    -Você é um caso a parte. E então...está feliz? O plano funcionou!
    Na verdade, o plano não funcionou perfeitamente. A Mônica não tinha aceitado completamente, e continuava me odiando. Mas pelo menos, ninguém ia se mudar, e isso já era uma vitória. Não queria dizer ao Toni que nem tudo estava perfeito ainda porque a alegria no rosto dele me contagiou, e me fez esquecer, por um tempo, que a mãe dele existia.
    -Sim claro! Agora a gente pode ficar juntos, não é mesmo. - fui me aproximando do rosto (perfeito) dele.
    -Uhum, sempre um bem pertinho um do outro.
    Cada vez mais eu confirmava que o beijo do Toni era o melhor beijo do mundo. Cada vez mais eu me certificava que era ao lado dele que eu deveria ficar. E era tão bom ter essas confirmações.
    -Bom, já que agora já está tudo oficializado, eu quero te dar uma coisa. Espera um minuto.
    Eu fiquei sentada na cama imaginando o que poderia ser. Ele saiu correndo do quarto, e voltou mais rápido ainda. Seja o que fosse, eu me senti meio mal por não ter nada pra dar pra ele. Mas depois eu arranjaria algo pra dar pra ele. Os braços dele estavam atrás das costas, para esconder sejá la o que fosse. Ele sentou na cama bem perto de mim e pegou minha mão.
    -Isso é só mais uma prova de como eu te amo...muito.
    Ele revelou uma pequena caixinha branca com um laço lilás. Havia ainda um cartãozinho junto, mas eu estava muito curiosa para saber o que era. Abri a caixa e senti meus olhos encherem de lágrimas.
     Era uma correntinha de prata uma pipoquinha (isso mesmo, uma pipoca) pendurada.
    -É pra representar nosso primeiro beijo, sabe, que foi no cinema. Ali foi o começo de tu...
     Eu interrompi ele dando o beijo mais apaixonado da minha vida. Era lindo. E eu tinha amado. Eu nunca pensaria em dar uma pipoquinha. Mas ele pensou. Ele me conhecia bem. Ele me amava tanto quanto eu amava ele. E nós ficaríamos juntos de agora em diante.
     -Você gostou? - não sei porque ele perguntou algo tão óbvio, mas ele perguntou.
    -É claro que eu gostei!! Não tinha como eu não gostar. Toni você é o melhor namorado do mundo.
     E beijei ele de novo, e de novo, e de novo...
                                    *****
  
    Nosso domingo foi tranquilo. Passamos o dia na piscina, alugamos uns filmes estilo "família" e assistimos todos juntos. No final da tarde, eu subi pra terminar os meus deveres, que não tinham dado tempo de terminar na sexta por causa da nossa viagem/fuga. Foi enquanto eu fazia minhas tarefas, que a Valentina veio me cobrar de novo os conselhos. Ai foi aquela pertubação de novo, e deu no mesmo porque eu realmente não tinha o que falar. A noite, contei as boas novas pra Dani. Ela ficou super feliz em saber da novidades.
    O Toni tinha concordado comigo de deixarmos a Emily e o Ryan saírem juntos sozinhos. Em vez disso, ficamos em casa jogando Wii...e eu perdi 5 vezes pro Toni no Mario Kart. Não tenho culpa se ele era viciado.
    Não tivemos nada de especial no jantar, o que foi bom porque eu não estava com fome, e não resistiria a um daqueles jantares maravilhosos que o William prepara. E foi pensando nele que eu resolvi ir até a cozinha tentar me aproximar do William. Ele estava guardando os pratos e talheres quando cheguei.
    -Oi William!
    -Olá senhorita. Deseja alguma coisa?
    -Não, não, estou bem. Meu nome é Amanda, muito prazer. - disse estendendo a mão pra ele. Ele riu.
    -Eu sei quem você é Amanda. E tenho certeza que você sabe quem eu sou.
    -É que...a gente quase não se fala, eu não te conheço muito bem. É que lá onde eu morava eu era muito amiga da nossa empregada, a Tânia. Ela sempre me ajudava quando podia e eu ajudava ela. Ficavamos fofocando na cozinha, fazíamos milshake de tarde, para comer com o cupcake que a gente também fazia. Era divertido.
    -Bem, eu não sou exatamente uma pessoa que...fofoca na cozinha. - Eu sabia disso, mas queria de alguma forma mostrar a ele que eu só estava tentando me aproximar. O William tinha um rosto bonito, com algumas rugas, mas bonito. E tenho certeza que qualquer mulher ficaria perdidinha por ele só com um olhar. Os olhos azuis poderiam perfurar um coração muito rápido...metaforicamente. Mas ele parecia ser uma pessoa simples e bondosa, e acho sim que ele poderia se tornar uma pessoa que fofoca na cozinha.
    -A quanto tempo você trabalha aqui?
    -Eu trabalho na família Campbell a anos. Nem me lembro exatamente quantos, mas gosto muito da família.
    -Jura? Tipo, de todo mundo, mesmo?
    -Sim, porque?
    Porque? Porque uma pessoa da família Campbel quase arruinou minha vida mais do que já estava arruinada, porque uma pessoa da família Campbell não queria aceitar que eu amo o filho dela e o filho dela me ama. Só isso.
    -Por nada.
    O silêncio se espalhou na cozinha como cheiro de comida recém-feita. Nesse silêncio, eu me retirei. Vi que o papo com o William não tinha dado muito certo, mas eu tentaria de novo depois.
    Subindo para o meu quarto, me bati com a Mônica que estava com uma pilha de livros na mão. Nos batemos sem querer e os livros foram pro chão. Ela me olhou com uma cara de "vou te matar" e se abaixou pra pegar os livros. Se eu ajudei? Não. Pra que? Ela já me odiava de qualquer jeito mesmo.
    Tomei um banho e deitei na cama pra ler um livro, e mais uma vez acabei dormindo.

0 comentários:

Postar um comentário

 

Lost freedom Copyright © 2012 Design by Antonia Sundrani Vinte e poucos