Muito real mesmo.
-Bom dia.
-Bom dia.
Eu sabia o que acontecerá na noite passada, mas tudo correu numa naturalidade que eu nem me senti...esquisita na manhã seguinte.
-Vamos levantar para tomar café da manhã, dorminhoca?
-Vamos.
Me levantei, e fui logo pro espelho ver a situação. E só então percebi que eu estava, bem, sem roupa. Nenhuma.
-Ai meu Deus, Toni. Fecha o olho.
-Hahaha, calma Mandy. Se você faz questão.
Só então lembrei que Toni já tinha me visto nua, mas enfim.
Nos arrumamos rápido e descemos para o restaurante. O café era super diversificado, e eu não sabia por onde começar.
-Mandy, não esqueça que hoje temos que ligar pra nossos pais e começar a chantagem.
-Eu não vou esquecer.
Depois de comer um dos melhores cafés da manhã da minha vida, voltamos pro quarto, e eu comecei a me preparar psicologicamente para dar a notícia a Mônica e ao meu pai. O Toni estava sendo o Toni de sempre, nem parecia que daqui a alguns minutos iria ligar pra a mãe dele e dizer que tinha fugido de casa para ela aceitar o namoro dele com a quase irmã dele.
-Está pronta?
-Na verdade, na verdade, eu não to não, mas não tem jeito.
O Toni discou o número, depois de alguns segundos alguém atendeu.
-Oi mãe.- pausa pra a Mônica fazer o escândalo dela.- Eu vou vem sim. Olha só. Chama o seu noivo querido pra perto de você, e coloca no viva-voz por favor.-Mônica falando.-Você já vai saber o que é. Chama ele.
Cada vez que ele falava, mais tensa eu ficava. Até que meu pai chegou e senti uma bola de boliche se instalar dentro de mim. Toni colocou no viva-voz.
-Bom, eu não sei por onde começar...tem uma pessoa querendo falar com vocês.
Eu arregalei o olho e olhei pro Toni. Eu estava um poço de nervosismo, e ele pede pra eu falar? Mas agora não tinha mais jeito. E de qualquer forma, mais cedo ou mais tarde eu iria ter que dizer alguma coisa. Eu só preferia que fosse mais tarde, mas enfim.
-Hum...o-oi pai, oi Mônica. É a Ma-Mandy.
-Mandy? É você mesmo filha?
-Sim sou eu pai. A questão é a seguinte...- eu parei, respirei fundo, o Toni olhou pra mim, fez um sinal de sim com a cabeça e me deu um beijo. -Pai...eu e o Toni fugimos juntos, e nós só vamos voltar se vocês aceitarem nosso namoro.
Silêncio. Tensão. Medo. Pavor. A bola de boliche tinha se transformado numa de basquete, talvez até aquelas de Pillates, só que bem pesada.
-Mãe?
-Pai?
Eu e o Toni nos olhamos, e eu vi a preocupação no olhar dele. Ou estávamos muito encrencados, ou...estávamos muito encrencados.
-Vocês o que?
-Olha só pai...- "Não chora Amanda, não agora por favor" pensei pra mim mesma. - nós fugimos para...um lugar que eu não vou dizer onde é. Nós fugimos juntos porque nós queremos que vocês aceitem no namoro. Vocês tem que entender que a gente se ama. E não vejo problema nenhum em morarmos juntos, ou estudar na mesma escola. Poxa vida pai. Você sabe que a gente não escolhe quem ama, e sem querer eu fui gostar, aliás amar, o meu meio-irmão. Mas na verdade, ele nem é meu irmão. Ele é meu namorado. E seria muito importante pra gente que vocês aceitassem isso.
Mais silêncio.
Mais lágrimas, minhas claro.
Abracei o Toni de novo e deixei as lágrimas cairem com vontade. Eu ainda não tinha pensado na possibilidade deles não aceitarem. E ai? O que iríamos fazer? Não poderíamos ficar num hotel em Austin pra sempre.
-Minha filha, eu...eu não sei o que dizer.
-Diga que sim pai. Diga que aceita, que tudo vai ficar bem. Nós voltamos até hoje mesmo se vocês aceitarem. Mas por favor, aceitem.
Se antes eu teria me importado do Toni me ver chorando quando me disseram que a gente viria pro Texas, agora eu já não me importaria mais. Porque ele estava me vendo chorar o dobro daquilo.
-Eu e a Mônica vamos pensar. Vamos conversar a respeito, e ver o que se pode ser feito. Mais tarde eu ligo.
-Nós ligamos. Na hora do almoço. Porque...se vocês decidirem aceitar, nós já partimos a tarde.
-Tudo bem filha, eu...- eu achei que a ligação tinha caído ou algo do tipo, mas dois segundos antes de desligar meu pai falou bem baixinho. - eu te amo, filha.
Desliguei o telefone e desabei em lágrimas. O Toni foi a pessoa mais paciente do mundo. Me abraçou, me dizia umas piadas sem graça pra tentar me animar, mas eu não estava para piadas.
Decidimos ir para a piscina do hotel, pra tentar esquecer o que tinha se passado e relaxar um pouco. Eu não consegui relaxar muito, mas o Toni, acho que sim. Pelo menos, eu pude ver toda a perfeição do Toni...sem camisa. Quer dizer, eu sabia que ele era forte e malhava e tal, mas nunca tinha visto ele sem camisa. Não vou dizer de novo que ele era lindo e perfeito. Não vou. Eu juro.
Ele era lindo e perfeito.
E ele era meu.
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