-Er...não entendi muito bem o que você falou mas, acho que é isso mesmo.- eu realmente não tinha entendido.
-Meu Deus! E agora amiga?
-E agora eu não posso fazer nada, Emily.
Eu realmente não podia fazer nada. Se eu pudesse eu tirava o bebe da pança da megera, mas não dá né.
Eu recebi a prova surpresa que fiz no dia anterior e quase chorei de novo. Se meu pai a visse me deixaria de castigo até o bebe nascer e não me daria presente de Natal.
E falando em Natal, eu tenho que pensar em alguma coisa pra dar pro Toni de Natal. Depois eu penso nisso, tem muito o que pensar agora.
-Então, que tal se hoje dpeois da aula a gente sair pra gastar, quer dizer, comprar roupa pra sair com os meninos amanha?
-Ah Emily, não sei se to com muito animo pra sair.
-Amanda Campbell, que ser humano feminino racional não gosta de sair pra fazer compras?
Eu tive que rir com o "ser humano feminino racional".
-Tá, tá. Eu vou. Agora eu tenho que ir pra aula.
E antes que ela pudesse dar mais uma palavra, eu sai correndo.
E me esbarrei no Ryan.
E derrubei todos os livros que ele estava na mão.
E fiquei morrendo de vergonha.
-Ai meu Deus, desculpa, desculpa, desculpa. Eu tinha que correr pra aula que eu to atrasada, e não vi você. Ai meu Deus, desculpa mesmo. Deixa eu te ajudar a pegar as coisas e...
-Mandy, ta tudo bem, relaxa.
Não tinha como relaxar com o rosto dele tão perto do meu.
Para Amanda, ele é o namorado da sua amiga, e você tem um namorado.
-Então, para que aula você esta indo?
-A-Algebra.
-Ah, eu também, só ia passar no meu armário pra deixar esses livros. Me acompanha, srta. Campbell?
-Claro, sr. Anderson.
Achei que ia ser uma caminhada silenciosa, mas estava enganada.
-Escuta, Mandy...posso te chamar de Mandy né?
-Claro, Ryan.
-Bom. Er...você sabe se está acontecendo alguma coisa com a Emily nesses últimos dias?
-Como assim?
Não sei se está acontecendo alguma coisa com a Emily.
-Ela está...diferente. Eu ja vi ela chorando do nada as vezes, ou então ela está muito irritada com alguma coisa, ou então ela não pode fazer certas coisas sem motivo nenhum. Você...tem notado?
Eu não tinha parado pra pensar que isso tudo poderia se estranho, achava que era só o jeito da Emily. Mas realmente, ultimamente, ela tem estado meio...estranha.
Eu não gosto de falar da minha amiga pelas costas, mas se alguma coisa estava acontecendo com ela eu gostaria de saber. Ela não pode ficar escondendo os problemas dela de mim. Muito menos do namorado dela.
Tinhamos chegado ao armário do Ryan quando lembrei que ainda devia uma resposta a ele.
-Bom, eu não tinha parado pra pensar nisso mas...faz um pouco de sentido sim.-percebi que ele tinha começado a se preocupar, então para tentar acalma-lo, disse- Mas também pode não ser nada. Ela pode estar na TPM, ou sei lá o que.
-Ju-jura?
-É! Claro! Ou então só está nervosa por causa das provas.
Ele ficou um tempo parado pensando. Será que essa tinha colado?
-É, pode ser. Mas...acho melhor nós ficarmos de olho.
Ufa, tinha colado.
-Então, Ryan, é melhor irmos logo pra aula.
O percurso até a sala foi silencioso. Ambos queriam pensar sobre a situação.
Assim como eu conto tudo a Emily, eu achava que ela me contava tudo. Além disso, ela sempre foi meio esquisitinha, sempre chorou muito fácil, e se magoava mais fácil ainda. Basta lembrar que ela brigou comigo no meu segundo dia de aula porque eu fui pedir dinheiro ao Toni emprestado, e interrompi o almoço deles dois.
Mas de qualquer maneira, eu tinha me decidido a conversar com ela, não por mim, mas pelo Ryan. Ele é o namorado dela, e ela deve satisfações a ele.
O Ryan não tocou mais no assunto o resto do dia todo. Fingiu que nada estava acontecendo. Se eu pudesse, eu teria começado a falar com a Emily ali mesmo, mas como eu ia sair com ela a tarde, depois nós conversávamos a sós.
O Toni não gostou muito da idéia de eu não ir pra casa com ele. A Mônica tinha saído para comprar umas coisas para o almoço, e o meu namorado tinha esperança de poder da uma "namoradinha" antes dela chegar. Depois de explicar a ele que era por uma boa causa (comprar uma roupa bem bonita pra sair com ele no dia seguinte), ele concordou e até nos deixou no shopping.
Como sempre, acabamos parando na Banana Republic. Enquanto procurávamos uns vestidos, resolvi falar com ela.
-Er...Emily. Hoje eu estava indo pra aula de Algebra quando eu me esbarrei no seu namorado e ele me acompanhou até a sala.
-Ah, legal-disse ela sem dar a minima importância pro que eu estava dizendo.
-Bom, ele...ele está achando você um pouco...estranha, ultimamente.
Ela colocou o cabelo atrás da orelha e desviou o olhar do vestido de 59 doláres.
-Estranha porque?
Respirei fundo.
-Emily, você me conta tudo sobre você? Você divide tudo comigo, assim como eu divido tudo com você? Tem alguma coisa que você não quer me contar?
Ela ficou um tempo olhando nos meus olhos, desviou o olhar para o vestido e respondeu.
-Não, claro que não.
-Emily, alguma coisa está acontecendo que eu sei. Você precisa me dizer para eu te ajudar. Por favor confie em mim.
-Eu não gostei desses vestidos, talvez devemos tentar a Forever 21.
Sai correndo atrás dela e quase levo um tombo. Besteira.
Bom, de uma coisa a Emily estava certa: a Forever21 estava cheeeio de vestidos lindos.
Foco, Amanda. Você tem que conversar com a Emily.
Ela já estava com uns 5 vestidos na mão quando eu consegui alcançar ela.
-Emily, por favor, me escuta. Eu sou sua amiga, eu te conto tudo, você tem que me contar as coisas também. Poxa, você não confia em mim, é isso? Ou você ainda está brava por eu estar com o Toni?
-Não, não Mandy, claro que não. Eu amo o Ryan e ponto.
-Ponto e vírgula, Emily. Você não me ama?
-Claro que te amo, amiga. É só que...-ela resitou por um instante e vi os olhinhos dela começarem a brilhar.- meus pais, Mandy. Eles...eles não param de brigar, acho que vão se separar e...e eu brigo com eles o tempo todo e...
Não demorou pra ela começar a chorar e demorou menos ainda pra eu abraça-la e consola-la.
-Own, amiga. Fique assim não. Isso vai passar, é só uma fase. Mas olha,-fiz ela olhar nos meus olhos-conte comigo pra qualquer coisa, e confie mais em mim tá? Eu só que o seu bem.
Entre lágrimas dela e quase lágrimas minhas, escolhemos nossa roupa e saímos bem do shopping. Eu fiz o que tinha que ser feito, e devo admitir que fiz bem. No final das contas, a Emily também se sentiu melhor em compartilhar os problemas dela com alguém.
-MAs não conte nada ao Ryan. - ela me fez prometer.
Cheguei em casa e fui direto para o meu quarto, mas me esbarrei com meu pai no meio do caminho.
-Não precisa me esperar para jantar, pai. Eu comi no shopping.
-Não, eu...eu queria falar sobre outra coisa com você. Na verdade eu...queria me desculpar pela forma que falei ontem com você.
-Tudo bem pai, posso ir pro meu quarto que eu to cansada e...
-Olha, eu sei que você não quer ir pro almoço, mas é importante pra mim, pra Mônica, pro bebe, pra todos nós. Você agora faz parte dessa família, Amanda, e você tem que aceitar isso. Você vai ter mais um irmão ou irmã. E dessa vez vai ser de verdade, e não como o Toni ou a Tina. E se você não ficar feliz, eu não vou ficar feliz, e vai ser tudo um completo desastre. Por favor, me ajude.
Ele ficou um tempo parado esperando uma resposta. Eu estava tão zangada e com tanta coisa na cabeça que tudo o que saiu foi:
-Pai, você já falou demais. Vá jantar, e eu vou dormir. Boa noite.
Ele tentou me seguir, mas eu meio que...sem querer querendo, bati a porta na cara dele. Me senti péssima, mas eu realmente estava cansada, e ele já tinha falado demais, e a Mônica estava grávida, e eu estava irritada, e eu estava tirando notas baixas no colégio, e eu tenho que ajudar a Emily, e eu tenho muito o que pensar e vou ficar maluca.
Eu já estou maluca.
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