-Não sei Toni. Quer dizer, não precisa de nada não. É mania sua comemorar todo mês. Não que eu não goste, eu gosto, alias eu adoro. Mas eu não vou ficar chateada se a gente não fizer nada. Ou a gente pode simplesmente alugar um filme, ou...ah sei lá.
Porque eu ficava tão idiota perto dele?
Eu havia sobrevivido a mais um dia de aula. A Valentina esperava impaciente no portão. Ela não ia ao estacionamento pegar o carro, ficava esperando no portão o Toni pegar ela. Ridículo, eu sei.
Tudo estava normal. A Valentina com o iTouch no banco de trás, eu conversando com o Toni no banco da frente, e a Mônica impaciente em casa esperando a gente chegar. O beijo nojento e o abraço apertado que ela dava em cada um de nós também continuava igual.
Não sei como isso era possível, mas a Mônica tinha engordado nas últimas semanas. As roupas dela pareciam que iam estourar, mas ela se recusava a aceitar que não vestia mais 44, e sim 46.
Minhas tentativas de me aproximar do William também fracassaram. Ele não conversava muito, me dava respostas curtas e sempre arranjava alguma coisa pra fazer quando eu entrava na cozinha. Mas eu já estava até me acostumando com isso.
Meu pai não almoçou em casa, então o almoço foi bem silencioso. Geralmente as piadinhas sem graça dele nos fazia rir, e a conversa fluia muito melhor. As únicas coisas que se ouviam era "Passa o sal por favor?" ou "Me serve de um pouco mais de suco?".
Ultimamente, eu passava as tardes estudando. As provas estavam chegando, e se minhas notas fossem baixas, nada de presentes no natal. E afinal, quem não gosta de ganhar presentes não é mesmo?
Ás vezes o Toni me ajudava, mas era raro porque ele tinha que estudar tanto quanto eu. Talvez até um pouco mais. Mas com estudo ou não, o Toni bateu na minha porta as 7 da noite todo arrumado.
-Vai pra onde?
-Você vai assim?
Não entendi a surpresa dele ao me ver de pijama no meu quarto. E ele não entendeu minha surpresa por ver ele todo arrumado. Ficamos um tempo nos olhando de cima abaixo até a ficha cair: o Toni queria mesmo sair pra comemorar nossos 4 meses de namoro, e ali estava ele todo pronto pra sair e eu de pijama estudando no meu quarto.
Pedi 5 minutos a ele, fechei a porta do quarto e fui correndo pro armário. Joguei minhas roupas todas no chão e sai procurando algo bom. Mas nessas horas parece que nada serve, parece que tudo é feio, e não é uma sensação muito boa.
Decidi, por fim, colocar uma calça jeans, uma camiseta que ele tinha me dado no aniversário de 2 meses e uma sandália de salto. Sai correndo do quarto com a bolsa aberta, colocando o brinco e quase que caio na escada, mas foi quase.
Só então percebi como ele estava bonito. Tá, quando é que ele não esta bonito? Espera, eu sei a resposta: nunca.
Decidimos ir ao cinema e, provavelmente, não assistir ao filme, se é que vocês me entendem. Depois, comemos uma pizza, locamos um filme (pra assistir de verdade em casa) e voltamos pra casa. Dormi na metade do filme. O Toni me carregou até meu quarto, mas eu acordei na metade do caminho.
-Me coloca no chão, Toni. Eu tenho pernas pra andar.
-Nada disso. Está tarde, você está cansada. Feche os olhos e volte a dormir.
-Eu não vou conseguir dormir com você por perto.
-Tente, pelo menos.
Estava percebendo que os músculos do Toni não eram a toa. Ele é muito forte, e conseguiu me carregar escadas acima até o meu quarto sem problemas. Ele me colocou na cama delicadamente e me deu um beijo na testa.
-Não vai não. Fica aqui comigo.-pedi.
-Se nos virem aqui tão tarde, vão criar problema. É melhor não.
Me levantei um pouco e abri bem os olhos.
-Por favor.
Ele se aproximou e ficou com o rosto bem perto do meu.
-Vá dormir. Já está tarde.- Me deu um beijo e saiu antes que eu pudesse segura-lo.
Mas de fato, já estava tarde, eu estava cansada, e não demorei de cair no sono.
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